segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Marquês de Pombal

Político e diplomata português, Sebastião José de Carvalho e Melo nasceu a 13 de maio de 1699 e casou, aos 23 anos, com uma senhora 10 anos mais velha e viúva.
Foi embaixador de D. João V nas cortes inglesa e austríaca. Embora sem significativo sucesso para Portugal, estas missões foram importantes para a formação política e económica de Sebastião José de Carvalho e Melo. Na Áustria casou, em segundas núpcias, com D. Leonor Daun.Em 1750, com a subida ao trono de D. José, foi nomeado secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. A sua grande capacidade de trabalho e de chefia revelou-se na forma como encarou o trágico terramoto de 1755, momento a partir do qual se tornou o homem de confiança de D. José I.Empenhou-se fortemente no reforço do poder régio, diminuindo o poder de algumas casas nobres. A 13 de janeiro de 1759, acusados de tentativa contra a vida do rei, o duque de Aveiro, o marquês de Távora e a sua mulher foram torturados e executados em ato público.
Expulsou e confiscou os bens da Companhia de Jesus porque a sua influência na sociedade portuguesa e as suas ligações internacionais eram um entrave ao fortalecimento do poder régio. Em 1759, recebeu o título de conde de Oeiras e, em 1769, o de marquês de Pombal.
As dificuldades económicas do Reino, provocadas sobretudo pela interrupção na exploração do ouro brasileiro, obrigaram o marquês a retomar a política de fomento industrial que havia sido iniciada com o conde da Ericeira. Reformou o ensino, anteriormente nas mãos dos Jesuítas, através da adoção de novos métodos pedagógicos e da criação de novas escolas como o Real Colégio dos Nobres. Reformou a administração, as finanças e o sistema militar. Cometeu vários abusos do poder, o que lhe valeu a antipatia e a criação de inúmeros inimigos. Com o falecimento de D. José I, a oposição ao marquês tornou-se muito ativa e D. Maria I mandou realizar uma sindicância aos seus atos.Exilado em Pombal, o marquês defendeu-se atribuindo responsabilidades ao rei D. José I. Atendendo à sua idade avançada, 80 anos, foi apenas condenado a viver afastado de Lisboa. Faleceu em 1782 no seu palácio do Pombal.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

D. José I


Filho de D. João V, sucedeu a seu pai em 1750.
Quando subiu ao trono, D. José I tinha à sua disposição os mesmos meios de acção governativa que os seus antecessores do século XVII, apesar do progresso económico realizado no país, na primeira metade do século XVIII. 
Esta inadaptação das estruturas administrativas, jurídicas e políticas do país, juntamente com as condições económicas deficientes herdadas dos últimos anos do reinado de D. João V, vai obrigar o monarca a escolher os seus colaboradores entre aqueles que eram conhecidos pela sua oposição à política seguida no reinado anterior. 
Diogo de Mendonça, Corte Real Pedro da Mota e Silva e Sebastião José de Carvalho e Melo passaram a ser as personalidades em evidência, assistindo-se de 1750 a 1755 à consolidação política do poder central e ao reforço da posição do marquês de Pombal, com a consequente perda de importância dos outros ministros. 
Uma segunda fase, de 1756 a 1764, caracteriza-se pela guerra com a Espanha e a França, pelo esmagamento da oposição interna - expulsão dos Jesuítas, reforma da Inquisição e execução de alguns nobres acusados de atentarem contra a vida do rei, entre os quais o duque de Aveiro e o marquês de Távora -, e pela criação de grandes companhias monopolistas, como a do Grão-Pará e Maranhão e a das Vinhas do Alto Douro. 
Uma terceira fase, até 1770, é marcada por uma grande crise económica e, até final do reinado, assiste-se à política de fomento industrial e ultramarino e à queda económica das companhias monopolistas brasileiras. 
Todo o reinado é caracterizado pela criação de instituições, especialmente no campo económico e educativo, no sentido de adaptar o País às grandes transformações que se tinham operado. Funda-se a Real Junta do Comércio, o Erário Régio, a Real Mesa Censória; reforma-se o ensino superior, cria-se o ensino secundário (Colégio dos Nobres, Aula do Comércio) e o primário (mestres régios); reorganiza-se o exército. Em matéria de política externa, D. José conservou a política de neutralidade adoptada por seu pai. De notar ainda, o corte de relações com a Santa Sé, que durou 10 anos.
   
Ficha genealógica:
D. José I nasceu em Lisboa, a 6 de Junho de 1714, recebendo o nome de José Francisco António Inácio Norberto Agostinho, e morreu no Palácio da Ajuda, a 24 de Fevereiro de 1777, tendo sido sepultado no Mosteiro de S. Vicente de Fora. Casou em 19 de Janeiro de 1729 com D. Mariana Vitória (n. em Madrid, a 31 de março de 1718; f. no Palácio da Ajuda, a 15 de janeiro de 1781; sepultada no mesmo Panteão), filha de Filipe V, rei de Espanha, e de Isabel Farnésio, sua segunda mulher. Do consórcio nasceram:
1. D. Maria I, que sucedeu no trono;
2. D. Maria Ana Francisca Josefa (n. em Lisboa, a 7 de outubro de 1736; f. no Rio de Janeiro, a 16 de maio de 1813; sepultada no Convento do Desagravo do Santíssimo Sacramento, em Lisboa);
3. D. Maria Francisca Doroteia (n. em Lisboa, a 21 de setembro de 1739; f. na mesma cidade, a 14 de janeiro de 1771; sepultada no Mosteiro de S. Vicente de Fora);
4. D. Maria Francisca Benedita (n. em Lisboa, a 25 de julho de 1746; f. na mesma cidade, a 18 de agosto de 1829; sepultada no Panteão de S. Vicente de Fora). Casou em 21 de fevereiro de 1777 com o seu sobrinho D. José, príncipe da Beira, que teria sido rei de Portugal se a morte o não levasse prematuramente.

D. João V

Filho de D. Pedro II e de Maria Sofia de Neubourg, foi aclamado rei em 1707. 
Quando inciou o reinado, estava-se em plena Guerra da Sucessão de Espanha, que para Portugal significava o perigo da ligação daquele país à grande potência continental que era a França. No entanto, a subida ao trono austríaco do imperador Carlos III, pretendente ao trono espanhol, facilitou a paz que foi assinada em Utreque, em 1714. Portugal viu reconhecida a sua soberania sobre as terras amazónicas e, no ano seguinte, a paz com a Espanha garantia‑nos a restituição da colónia do Sacramento. 
Aprendeu D. João V com esta guerra a não dar um apreço muito grande às questões europeias e à sinceridade dos acordos; daí em diante permaneceu inalteravelmente fiel aos seus interesses atlânticos, comerciais e políticos, reafirmando nesse sentido a aliança com a Inglaterra. Em relação ao Brasil, que foi sem dúvida a sua principal preocupação, tratou D. João V de canalizar para lá um considerável número de emigrantes, ampliou os quadros administrativos, militares e técnicos, reformou os impostos e ampliou a cultura do açúcar. Apesar disso, Portugal entra numa fase de dificuldades económicas, devidas ao contrabando do ouro do Brasil e às dificuldades do império do Oriente. 
A este estado de coisas procura o rei responder com o fomento industrial, mas outros problemas surgem, agora de carácter social: insubordinação de nobres, quebras de disciplina conventual, conflitos de trabalho, intensificação do ódio ao judeu. Por outro lado, o facto da máquina administrativa e política do absolutismo não estar de maneira nenhuma preparada para a complexidade crescente da vida da nação, só veio agravar as dificuldades citadas. 
Culturalmente, o reinado de D. João V tem aspectos de muito interesse. O barroco manifesta-se na arquitectura, mobiliário, talha, azulejo e ourivesaria, com grande riqueza. No campo filosófico surge Luís António Verney com o Verdadeiro Método de Estudar e, no campo literário, António José da Silva. É fundada a Real Academia Portuguesa de História e a ópera italiana é introduzida em Portugal.
 
Ficha genealógica:
D. João V, nasceu em Lisboa, a 22 de outubro de 1689, recebendo o nome de João Francisco António José Bento Bernardo, e faleceu em Lisboa, a 31 de julho de 1750, tendo sido sepultado no Mosteiro de S. Vicente de Fora. Casou em 9 de Junho de 1708 com D. Maria Ana de Áustria (nasceu. em Linz, a 7 de setembro de 1683; morreu no Palácio de Belém, a 14 de agosto de 1754; sendo sepultada no Mosteiro de S. João Nepomuceno, dos Carmelitas Descalços Alemães, de onde o seu coração foi levado para a Alemanha, filha do imperador Leopoldo I e de sua terceira mulher Leonor Madalena. Do casamento nasceram:
1. Maria Bárbara Xavier Leonor Teresa Antónia Josefa (n. em Lisboa, a 4 de dezembro de 1711; f. em Madrid a 27 de agosto de 1758; sepultada no Convento das Salesas Reales, da mesma cidade). Casou em 1729 com D. Fernando, príncipe das Astúrias, que subiu ao trono de Espanha como Fernando VI;
2. D. Pedro (n. em Lisboa, a 19 de outubro de 1712; f. na mesma cidade, a 29 de outubro de 1714). Foi príncipe do Brasil;
3. D. José, que sucedeu no trono;
4. D. Carlos (n. em Lisboa, a 2 de maio de 1716; f. em Lisboa, a 30 de março de 1730). Teve o título de infante;
5. D. Pedro Clemente Francisco José António (n. em Lisboa, a 5 de julho de 1717; f. no Paço da Ajuda, a 25 de maio de 1786). Foi príncipe do Brasil e, pelo casamento com a sobrinha D. Maria I, veio a ser o rei consorte D. Pedro III.
6. D.     Alexandre Francisco José António Nicolau (n. em Lisboa, a 24 de setembro de 1723; f. a 2 de agosto de 1728).
Fora do casamento, teve D. João V os seguintes filhos:
7. D. Maria Rita, filha de D. Luísa Clara de Portugal, que nasceu e morreu em data que se ignora. Foi monja do Convento de Santos, em Lisboa, e conhecida como a «Flor de Murta»;
8. D.     António (n. em Lisboa, a 1 de outubro de 1704; f. na capital, a 14 de agosto de 1800; sepultado no claustro do S. Vicente de Fora), filho de uma francesa e um dos três «Meninos de Palhavã», por ter sido criado neste palácio. Foi reconhecido em 1742, tendo obtido o grau de doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra. Esteve desterrado no Buçaco, por ordem de Pombal, de 1760 a 1777.
9. D. Gaspar (n. em Lisboa, a 8 de outubro de 1716; f. em Braga, a 18 de janeiro de 1789), filho de D. Madalena Máxima de Miranda. Foi o segundo «Menino de Palhavã». Exerceu o múnus de arcebispo de Braga, de 1758 à data da sua morte;
10. D. José (n. em Lisboa, a 8 de setembro de 1720; f. na mesma cidade, a 31 de julho de 1801; sepultado no Mosteiro de S. Vicente de Fora), filho da Madre Paula, freira em Odivelas. Chamado o mais jovem «Menino de Palhavã», foi doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra e inquisidor-mor em 1758. Esteve desterrado no Buçaco, com seu irmão D. António, de 1760 a 1777.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Manuel de Arriaga

Dados pessoais
Manuel José de Arriaga Brum da Silveira nasce dia 8 de Julho de 1840 na cidade da Horta, Ilha do Faial da Região Autónoma dos Açores. É filho de Sebastião de Arriaga Brum da Silveira e de Maria Antónia Pardal Ramos Caldeira de Arriaga. Casa com Lucrécia de Brito Furtado de Melo, de quem tem seis filhos. Morre em Lisboa com 76 anos e vai a enterrar no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. No 16 de Setembro de 2004, os seus restos mortais são trasladados para o Panteão Nacional.

Percurso  profissional
Conclui Direito na Universidade de Coimbra em Maio de 1866 e nesse mesmo ano, acumulando com a advocacia, ocupa o lugar de professor interino de Inglês no Liceu de Lisboa. Nomeado reitor da Universidade de Coimbra logo após a proclamação da República, toma posse do cargo na Sala dos Capelos a 23 de Outubro.

Percurso  político
Manuel de Arriaga, um dos 12 signatários do programa das Conferências Democráticas do Casino, procura imprimir ao movimento republicano um carácter mais popular e assumidamente antimonárquico. Com base numa intensa actividade oratória em comícios de propaganda como deputado unificador do movimento republicano, é relator do Projecto de Organização Definitiva do Partido, documento que sistematiza pela primeira vez o ideário republicano, articulado com a regulamentação dos seus órgãos constituintes. É preso na sequência de manifestações patrióticas de protesto contra o Ultimato Inglês de 1890 e nove anos depois abandona a vida política, dedicando-se à advocacia e à escrita.

Mandato presidencial
Primeiro presidente constitucional eleito no meio de forte competição em Agosto de 1911, no seu discurso de posse, Manuel de Arriaga afirma-se depositário da "simpática missão de chamar à conciliação, à paz, à ordem, à harmonia social a família portuguesa, em nome da Liberdade, em nome da República, em nome da nossa libérrima Constituição", missão essa que cedo se revela espinhosa, à medida que rivalidades e lutas começam a minar a família republicana. Ao abandonar a presidência da República, dedica-se à redacção das suas memórias e publica o seu último livro intitulado Na Primeira Presidência da República Portuguesa. Um Rápido Relatório, com o qual procura justificar a sua conduta política.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Efemérides de outubro

§ Cerca das 10 horas da manhã do dia 5 de outubro de 1910, é proclamada, nos Paços do Concelho de Lisboa, a implementação da República em Portugal.

§ Eleito Presidente em 5 de outubro de 1919, António José de Almeida foi o único presidente da 1.ª República portuguesa a cumprir integralmente e sem interrupções o seu mandato de 4 anos. Com ele, Portugal retorna a uma presidência civil.

§ A 10 de outubro de 1810, durante a terceira invasão francesa, o exército luso-inglês comandado pelo general Arthur Wellesley, toma posição nas Linhas de Torres Vedras, fortificação construída em segredo para deter a progressão, em território nacional, das forças napoleónicas do general Messena. Os franceses, com uma força de cerca de 65.000 homens, chegam às Linhas no dia 14, sendo derrotados.

§ A 12 de outubro de 1798, nasce, em Queluz, Dom Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, que viria a ser o primeiro Imperador do Brasil, como D. Pedro I e, ainda, o 28º Rei de Portugal, como D. Pedro IV.

§ A 18 de outubro de 1941, morre, em Bougie (Argélia), Manuel Teixeira Gomes, 7º presidente da 1ª República portuguesa.

§ Em 1147, D. Afonso Henriques, ajudado por cruzados que se dirigiam para a Terra Santa, enceta um cerco ao Castelo de Lisboa, com o intuito de conquistar esta fortificação aos mouros. Durante uma das investidas, concretizada a 21 de outubro de 1147, teria existido um tal Martim Moniz que se deixou entalar numa das portas do castelo para permitir a entrada dos sitiantes. Os historiadores não podem comprovar a existência real desta personagem em virtude de não haver qualquer documento da época que a ela faça referência. Citam-na, no entanto, como figura lendária da história de Portugal.

§ D. João V, rei de Portugal, havia prometido construir uma basílica se a sua esposa, D. Maria Ana Josefa de Áustria, lhe desse descendência. O nascimento da princesa D. Maria Bárbara foi interpretado por este monarca como uma graça divina, pelo que, não olhando a despesas, mandou construir, em Mafra, um enorme edifício composto por uma basílica, um palácio real e um convento com uma das mais belas bibliotecas europeias. Às 7 horas da manhã de 22 de outubro de 1730, dia em que o rei fazia 41 anos de idade, iniciou-se a festa de consagração da basílica, que se prolongaria até às 7 de manhã do dia seguinte. Foi servido, na ocasião, um banquete popular a 9000 pessoas. As festas acabariam por se estender por mais 7 dias, ao som das melodias dos dois enormes carrilhões mandados vir expressamente de Antuérpia.

§ A 26 de outubro de 1980, morre, no Brasil, Marcello José das Neves Alves Caetano. Foi o último Presidente do Conselho do Estado Novo, tendo sido deposto pelo levantamento militar de 25 de Abril. Doutorado em Direito, foi, para além de político, professor e historiador.

§ A 28 de outubro de 1856, realiza-se a primeira viagem de comboio em Portugal, entre Lisboa e o Carregado, numa altura em que não havia estradas, nem sequer bons caminhos.

§ A 31 de outubro de 1886, é inaugurada a Ponte D. Luís, sobre o rio Douro, ligando o Porto a Gaia.


Seleção e organização: David Carpinteiro        Fonte: www.leme.pt